“Compromisso moral é acabar com crime organizado e garimpo ilegal”, diz Lula

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Lula deu como exemplo a destruição de mais de 660 dragas e balsas neste ano e 757 equipamentos em 2023

O presidente Lula citou as ações que estão sendo realizadas na Terra Indígena Yanomami e reafirmou o compromisso do Governo Federal de acabar com o crime organizado e o garimpo ilegal na região. Esses foram alguns dos temas abordados durante a entrevista do presidente para a Rádio Norte FM, da TV Norte de Manaus, no Amazonas, realizada nesta quarta-feira (11) por videoconferência.

“O que nós estamos fazendo é investigando. O que nós estamos fazendo é tentando proibir. O problema é que quem financiou o garimpo não está lá, que é gente que tem dinheiro e está em outro lugar. Porque é um compromisso moral do governo acabar com o crime organizado e o garimpo ilegal na Amazônia e em Roraima. Então nós vamos continuar trabalhando, lutando, mandando gente para lá. Eu tenho certeza que num curto prazo de tempo, a gente vai encontrar uma solução para extirpar de uma vez por todas o garimpo ilegal”, disse o presidente.

Lula deu como exemplo a destruição de mais de 660 dragas e balsas neste ano e 757 equipamentos em 2023, as 17 ações da Polícia Federal de combate ao financiamento ilegal de garimpo na terra indígena, com prisões, mandado de busca e bloqueio de recursos, e 52 inquéritos de investigação abertos contra incêndios criminosos. “Nós estamos fazendo aquilo que é necessário fazer. Lamentavelmente eu fico muito triste quando eu ouço dizer que continua a morrer criança. Não pode ser, porque a gente continua mandando comida, mandando cesta básica. Já tenho conversado com a ministra Nísia (Trindade, da Saúde), que tem dedicado, tem mandado mais médicos lá. E nós estamos enfrentando o crime organizado, inclusive criando um departamento da Polícia Federal no Amazonas para tratar especificamente do combate ao crime organizado e ao garimpo. As coisas estão sendo feitas”, afirmou o presidente.

Foto: Divulgação

Lula falou sobre a atuação da Casa de Governo, estrutura criada em Boa Vista, capital de Roraima, que concentra todo o trabalho para resguardar, dar melhores condições de saúde, alimentação e proteção à população Yanomami e Ye’kwana, que vive na maior terra indígena do Brasil, no extremo Norte do país (9,7 milhões de hectares). A estrutura é parte das ações governamentais para os 27,8 mil indígenas que vivem em 306 aldeias do território.

“Nós temos um escritório em Roraima com várias representações de ministros, coordenado pela Casa Civil, que se reúnem semanalmente. E as orientações são passadas para que a gente possa continuar cuidando da situação de Roraima. É um território muito grande, que é um território do tamanho de Portugal, tem fronteira com a Venezuela. Tem hora que a gente não sabe se o garimpo é nosso ou se é da Venezuela. Nós estamos trabalhando muito para tentar debelar não só o sofrimento dos Yanomami, para que a gente leve saúde, comida, e para que a gente possa de uma vez por todas expulsar o garimpo de Roraima”, explicou.

Durante a entrevista, o presidente reafirmou o compromisso do Governo Federal no combate à seca e aos efeitos das mudanças climáticas. Lula esteve no Amazonas na última terça-feira (10/9), visitou comunidades afetadas pela forte estiagem e anunciou uma série de novos investimentos em reunião com prefeitos da região.

Lula enfatizou que o Governo Federal vai editar em breve uma Medida Provisória para criar o estatuto jurídico da Emergência Climática. O objetivo é acelerar políticas de enfrentamento aos extremos climáticos com uma Autoridade Climática e um comitê técnico científico.

“O objetivo é estabelecer as condições para ampliar e acelerar as políticas públicas a partir de um Plano Nacional de Enfrentamento aos Riscos Climáticos Extremos. Nosso foco precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento desse fenômeno. Por isso, vamos estabelecer uma Autoridade Climática e um Comitê Técnico-Científico que dê suporte e articule a implementação das ações do Governo Federal junto com o governo estadual e junto com as prefeituras”, disse Lula.

Cooperação internacional

Outro destaque do presidente foi a perspectiva de inauguração de um centro de cooperação policial internacional sob coordenação da Polícia Federal para combater o crime organizado na Amazônia. “Nós teremos funcionando, até o fim do ano, um centro de cooperação internacional sob coordenação da Polícia Federal. Estamos levando muito a sério a questão da Amazônia porque é um território imenso, difícil de trabalhar e precisamos trabalhar junto com os países fronteiriços”, afirmou o presidente Lula.

O objetivo, segundo o presidente, é aumentar o espaço ocupado pelo policiamento e coibir a atuação dos criminosos. “Nós temos que fazer o trabalho interno do Brasil e da Polícia Federal, tanto no combate ao crime organizado quanto ao narcotráfico e, ao mesmo tempo, estabelecer parceria com os governos de outros países para que a gente possa trabalhar na fronteira com mais intensidade”, explicou Lula.

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Entre os anúncios realizados no Amazonas está o edital para quatro obras de dragagens de manutenção dos rios Amazonas e Solimões e a retomada da construção da BR-319. Além disso, o presidente Lula anunciou a entrega de 150 purificadores de água portáteis durante visita a comunidades afetadas pela seca. Na conversa, o presidente destacou que a visita ao estado serviu para ver de perto a necessidade do povo e reforçar o compromisso do Governo em avançar nos programas sociais. “É preciso a gente voltar lá para cuidar da saúde, para melhorar o Luz para Todos, a distribuição de alimentos, a água das pessoas beberem. Cuidar daquele povo também é minha responsabilidade. Eu fui lá para enxergar mulheres, homens e crianças e dizer para eles: nós vamos cuidar de vocês”.

BR-319

Ainda na entrevista, Lula ressaltou a retomada da construção da rodovia que liga Manaus a Porto Velho, em Rondônia. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a empresa LCM Construções assinaram o termo de contrato que estabelece a retomada. “Assinamos um contrato do DNIT para começar a fazer 52 novos quilômetros que já estavam autorizados. Vamos começar a fazer primeiro os 20 quilômetros e, daqui a uns 20 dias, serão liberados os outros 32. Vamos assumir um compromisso de que ao retomar a construção da estrada, não permitir a grilagem de terra, não permitir que as pessoas queimem de um lado ou de outro, que as pessoas façam queimadas, porque é uma área que tem que ser preservada”, ressaltou.

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