O ex-presidente Jair Bolsonaro, que teve a prisão preventiva decretada neste sábado (22), admitiu ter violado a tornozeleira eletrônica. A confissão ocorreu em conversa com um agente da Administração Penitenciária do Distrito Federal.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão preventiva após apontar como principais fundamentos a violação do equipamento, a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e a proximidade da residência do ex-presidente com embaixadas. A decisão também destaca o descumprimento reiterado das medidas cautelares impostas a Bolsonaro.

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Um vídeo que faz parte do processo do ex-presidente mostra a tornozeleira eletrônica danificada e com marcas de exposição ao fogo. Em conversa com o agente penitenciário, ele admitiu ter tentado romper o equipamento.
“Meti um ferro [de solada] quente aqui”, declarou o ex-presidente, ao ser questionado sobre estado da tornozeleira. “[Foi] por curiosidade”, complementou.
Veja a transcrição do diálogo:
- Agente: Equipamento 85916-5. O senhor usou alguma coisa pra queimar?
- Bolsonaro: Meti um ferro quente aqui.
- Agente: Ferro quente?
- Bolsonaro: Curiosidade.
- Agente: Que ferro foi? Ferro de passar?
- Bolsonaro: Não. Ferro de soldar, solda.
- Agente: Ferro de soldar? Aquele que tem uma ponta?
- Bolsonaro: Sim.
- Agente: Tá ok. O senhor tentar puxar a pulseira, também?
- Bolsonaro: Não, não não, isso não. Não rompi a pulseira não.
- Agente: Pulseira aparentemente intacta, mas o case violado. Que horas o senhor começou a fazer isso, senhor Jair?
- Bolsonaro: Já no final da tarde.
- Agente: Final da tarde? Tá certo. Essa tampa chegou a soltar, não?
- Bolsonaro: Não. (inaudível)
Como a tornozeleira funciona
Usada por mais de 120 mil pessoas no país, a tornozeleira eletrônica é um equipamento leve, que pesa entre 120 g e 200 g, e funciona com GPS e envia sinais constantes para as centrais estaduais de monitoramento. A partir disso, agentes acompanham em tempo real os deslocamentos do monitorado e recebem alertas automáticos em caso de tentativa de violação, aproximação de áreas proibidas, queda de bateria ou problemas técnicos.
O equipamento é preso ao tornozelo por uma cinta de borracha reforçada, fechada com um grampo especial que só pode ser cortado com ferramenta própria. Dentro dessa cinta há uma fibra ótica, responsável por identificar qualquer tentativa de rompimento ou manipulação. Ao menor dano, o sistema envia alerta para a central, que funciona 24 horas por dia. No Distrito Federal, por exemplo, nove servidores monitoram simultaneamente cerca de 644 pessoas, cada agente diante de duas telas.
Tentativa de violação
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontou que a Corte máxima foi informada sobre uma ocorrência de violação da tornozeleira eletrônica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) às 0h08 deste sábado, 22. Segundo Moraes, a informação “constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão” causada pela vigília convocada pelo filho 02 do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

