As intervenções ocorreram na Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, e na Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Acadêmicos do curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro de Estudos Superiores de Tabatinga da Universidade do Estado do Amazonas (Cestb/UEA) realizaram, no mês de abril, uma série de atividades pedagógicas nas redes estaduais e municipais de Tabatinga. Intitulada “Abril Indígena: além do cocar e do dia 19 de abril”, a ação tem como objetivo desconstruir a visão estereotipada que ainda persiste sobre os povos indígenas e incentivar a reflexão para além das comemorações pontuais do mês.

Foto: Divulgação
Orientados pelo Prof. Me. Ismael da Silva Negreiros, cerca de 30 alunos do 9º período participaram da iniciativa que foi proposta no âmbito da disciplina Sociedades Indígenas e Educação. Antes de realizarem as intervenções pedagógicas nas escolas, os acadêmicos estudaram autores indígenas e abordagens que tratam das epistemologias dos saberes tradicionais e históricas, articuladas com a realidade do Alto Solimões e da Amazônia como um todo.
Segundo o professor, a intenção é cultivar uma valorização contínua desses povos no cotidiano escolar, promovendo conhecimento sobre sua cultura, religião, política e modos de vida. Ainda comentou sobre a importância por não apenas trazer à tona problemáticas relacionadas à perspectiva indígena, mas, também, por apresentar pedagogias significativas, capazes de promover aproximações com outras epistemologias, muitas vezes invisibilizadas no contexto educacional. “Assim, a UEA cumpre seu papel ao proporcionar práticas educativas comprometidas com o respeito à diversidade cultural, com a valorização das diferenças e com a construção de uma educação equitativa, descolonizadora. Inclusiva e Amazônica.”
Também houve a participação de estudantes indígenas do Cestb/UEA, como os dos povos Tikuna, Kokama e Kambeba, que participaram ativamente como protagonistas da ação. Além deles, indígenas que, hoje, exercem papéis de destaque no município de Tabatinga, como influenciadores, artistas e lideranças políticas também estiveram presentes.
Para o acadêmico de Pedagogia Leonardo Rabelo, indígena do povo Kokama, a troca de experiências foi muito rica e oportunizou um novo olhar sobre os povos indígenas. “Os alunos puderam ouvir diretamente de seus representantes, o que gerou um impacto profundo”, ressaltou.
Atividades
A intervenção contou com a participação de três escolas da rede municipal de ensino de Tabatinga: Escola Ambrósio Bemerguy, Escola Francisco Mendes e Escola Josiedes Andrade, além da Escola Duque de Caxias, pertencente à rede estadual.
Durante a ação, foram realizadas diversas atividades educativas. Houve produção de materiais pedagógicos, redação de pequenas narrativas, elaboração de textos e desconstrução de conceitos como o “descobrimento do Brasil” e os termos utilizados para se referir aos povos indígenas. Filmes, documentários e outras mídias também foram utilizados para aprofundar o debate nas escolas.
De acordo com Ismael, a atividade foi muito bem-recebida pelos alunos, pelas equipes gestoras e pela comunidade escolar de forma geral. “O retorno foi muito satisfatório, especialmente na construção dos materiais pedagógicos produzidos pelos próprios alunos. Foram realizados trabalhos com argila, artesanatos, textos e desenhos, que contribuíram para refletirmos sobre a cultura indígena sob uma nova ótica, valorizando sua riqueza e diversidade”, comentou.
Relevância da atividade para acadêmicos
O professor reforçou que o objetivo é expandir esses tipos de ações para as outras disciplinas do curso, abordando temas relacionados ao cotidiano escolar e às múltiplas dimensões da educação nesse contexto. “Para um curso que forma professores e futuros gestores, é indispensável ir além da teoria. É necessário vivenciar a prática, conhecer o chão da escola, interagir com os sujeitos da educação. Disciplinas que propiciam essa vivência são fundamentais para enriquecer a formação docente e fortalecer o compromisso com a realidade educacional da nossa região”, disse.