Ucrânia: entenda o escândalo de corrupção que abala o governo Zelensky

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Suspeitos teriam negociado US$ 100 milhões em subornos em troca de proteção para usinas de energia em meio aos bombardeios russos

Ucrânia – A Ucrânia enfrenta um grande escândalo de corrupção envolvendo altos funcionários e US$ 100 milhões em supostos subornos no setor de energia. Os suspeitos teriam negociado o valor em troca de proteção para usinas de energia, em meio aos bombardeios russos que deixaram a população às escuras.

Foto: Divulgação

A Operação Midas, conduzida por órgãos anticorrupção do Estado ucraniano, investigaram por 15 meses e captaram mais de mil horas de escutas telefônicas para desmantelar uma suposta organização criminosa formada por funcionários atuais e antigos do setor energético, um empresário de renome, ministros do governo e um ex-vice-primeiro-ministro.

O foco da investigação está na Energoatom, a operadora estatal de energia nuclear com receita anual de cerca de US$ 4,7 bilhões. Os suspeitos teriam cobrado propinas de 10 a 15% de subcontratadas privadas da Energoatom em troca da manutenção de seus contratos.

Em uma das gravações, o antigo conselheiro do ministro da Energia, Ihor Myronyuk, parece ameaçar o cancelamento desses contratos. “Vocês serão completamente aniquilados… Todos os seus funcionários serão recrutados à força para o exército”, diz. Myronyuk nega qualquer irregularidade.

Em outro trecho, participantes de uma reunião discutem a concessão de contratos para estruturas de proteção contra ataques aéreos em instalações de energia.

Após a divulgação do escândalo, na segunda-feira (10), o presidente Volodymyr Zelensky defendeu punições severas. “Qualquer ação eficaz contra a corrupção é extremamente necessária. A inevitabilidade da punição é imprescindível”, disse.

No entanto, a denúncia abala a imagem do líder ucraniano, que teve pessoas próximas citadas no escândalo. O suposto líder do grupo criminoso seria Tymur Mindich, um dos proprietários da produtora cinematográfica Kvartal 95, do qual Zelensky também era coproprietário antes de se tornar presidente. O grupo foi um importante veículo para Zelensky ganhar popularidade como comediante e ator antes de entrar para a política.

Mindich, de 46 anos, também era sócio do bilionário Ihor Kolomoyskiy, que apoiou a campanha presidencial de Zelensky em 2019 e que está em prisão preventiva desde 2023 sob acusações de fraude e lavagem de dinheiro.

Outro nome que surgiu durante a investigação é o do atual ministro da Justiça, German Galushchenko, que foi afastado do cargo na manhã desta quarta-feira (12). Ele foi ministro da Energia até julho, antes de Zelensky reformular seu governo.

A investigação aponta que Galushchenko teria ajudado Mindich no esquema de lavagem de dinheiro e teria sido influenciado pelo empresário. O ministro afastado afirma que irá se defender, caso seja necessário.

Mindich teria deixado a Ucrânia pouco antes de sua casa ser revistada pela polícia na segunda-feira (10).

Outro envolvido seria Oleksiy Chernyshov, ex-vice-primeiro-ministro da Ucrânia e aliado próximo de Zelensky. Nas gravações, ele é identificado como “Che Guevara”. Os investigadores apontam que ele teria enriquecido ilicitamente, recebendo cerca de US$ 1,2 milhão e quase € 100 mil por meio da rede de lavagem de dinheiro. Chernyshov, que está sendo investigado por outro caso de corrupção, não foi encontrado para comentar sobre as novas acusações.

Uma outra investigação também está em curso no momento. Autoridades ucranianas apuram uma suposta corrupção envolvendo contratos de aquisição militar superfaturados. A operação é conduzida pelo Gabinete Nacional Anticorrupção da Ucrânia (Nabu), que também revelou o escândalo no setor de energia.

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