Fumaça das queimadas pode ter graves efeitos sobre a saúde, especialmente em populações vulneráveis, como crianças e idosos
A poluição causada pelo alto nível de fumaça gerado pelo aumento das queimadas no interior do Amazonas tem provocado sérias preocupações para a saúde. Para falar sobre o assunto, a pneumologista e broncoscopista Bianca Fidelix Espindula traz algumas dicas de cuidados.
De acordo com a especialista, a exposição à fumaça das queimadas pode ter graves efeitos sobre a saúde, especialmente em populações vulneráveis, como crianças, idosos, gestantes e pessoas com condições respiratórias pré-existentes, como asma, bronquite crônica e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
“Para proteger a saúde, é essencial adotar medidas preventivas. Primeiramente, evitar ao máximo sair de casa, especialmente nos dias em que a qualidade do ar estiver visivelmente comprometida, com forte odor de fumaça ou baixa visibilidade. Dentro de casa, manter portas e janelas fechadas e, se necessário, usar panos úmidos nos batentes das portas e janelas para ajudar a selar o ambiente contra a entrada de fumaça”, explica.
Outra medida útil é o uso de purificadores de ar com filtro HEPA, que ajudam a remover as partículas finas presentes no ar interior. Se precisar sair, o uso de máscaras com boa vedação, como as do tipo PFF₂ ou N95, é crucial, pois elas são capazes de filtrar partículas pequenas que uma máscara comum de tecido não consegue barrar. Manter-se bem hidratado é fundamental, pois a água ajuda a proteger e umedecer as vias aéreas, facilitando a eliminação de toxinas inaladas.
Problemas
Os poluentes causados pelas queimadas são conhecidos por causar uma série de problemas de saúde, desde irritações respiratórias até complicações mais graves, como doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas.
“Os sintomas que indicam a necessidade de procurar um especialista variam, mas todos merecem atenção. Se houver o agravamento de condições respiratórias já existentes, como crises mais frequentes de asma, aumento da tosse ou uma piora na capacidade de respirar normalmente, é importante procurar atendimento médico”, diz.
No entanto, sintomas como falta de ar, chiado no peito, sensação de aperto ou dor no peito podem ser sinais de que a fumaça está afetando os pulmões. Irritações persistentes nos olhos, nariz e garganta, que não melhoram mesmo em ambientes fechados, também são um sinal de alerta.
“Em casos mais graves, a exposição à fumaça pode causar dor de cabeça constante, tontura, fadiga intensa e até desorientação, o que sugere que o corpo pode estar sofrendo com a falta de oxigênio adequada ou com a exposição prolongada a substâncias tóxicas. Diante de qualquer um desses sintomas, especialmente se eles persistirem ou se agravarem, é essencial buscar ajuda médica quanto antes para evitar complicações mais graves, como infecções respiratórias ou crises asmáticas graves, que podem necessitar de tratamento hospitalar”, finaliza a especialista.