Estima-se que 1 a cada 8 mulheres desenvolverá a doença em algum momento da vida
Cinco mil amazonenses devem receber diagnóstico de algum tipo de câncer, anualmente, até 2025, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Entre as mulheres, o câncer de mama é o que tem a maior incidência, representando 45% dos casos, com a estimativa de mais de 500 em 2024. Diante dessa realidade, o diagnóstico em fase inicial continua sendo a principal arma no combate à doença, tendo como aliado essencial os exames de rastreio.
A neoplasia é causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que formam um tumor com potencial de invadir outros órgãos. A mastologista, Karissa Lopes, ressalta que a doença é multifatorial, desmistificando a antiga crença de que sua causa era exclusivamente hereditária.
“Hoje sabemos que apenas 10% dos casos tem fatores genéticos associados e a maioria acontece de forma aleatória na população feminina. Estima-se que 1 a cada 8 mulheres desenvolverá câncer de mama em algum momento da vida e os principais fatores de risco associados são os relacionados ao estilo de vida como obesidade e sedentarismo”, alerta.
O papel e a importância da mamografia
No Brasil, conforme a revisão das Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama, publicada em 2015 pelo Ministério da Saúde, a mamografia é o método preconizado para rastreamento na rotina da atenção integral à saúde da mulher, por isso, o acompanhamento regular é crucial.
“Estratégias como o autoexame, muito recomendado há alguns anos, pode ser auxiliar, mas não a principal forma de rastreio. Ele não substitui os de imagem. Visando sempre a detecção precoce, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a mamografia de rotina a partir dos 40 anos. Algumas mulheres com alto risco para desenvolvimento dessa neoplasia deverão ter acompanhamento individualizado, com iniciação do rastreamento ainda mais precoce”, afirma Karissa.
Ainda de acordo com a SBM, entre as mulheres que têm acesso à mamografia preventiva periódica, o número de mortes pela doença diminui de 15% a 45%. Além disso, a mastologista reforça que conhecer o próprio corpo é fundamental. “Quando a mulher conhece bem suas mamas e fica atenta a alterações, ela tem a possibilidade de buscar atendimento de saúde mais rapidamente. As chances de cura chegam a 95% ou mais quando o tumor é descoberto no início, sendo o tratamento menos invasivo, o que melhora, em muito, a qualidade de vida durante e após o tratamento da doença”, explica.
Alterações que podem surgir nas mamas:
Nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor — principal manifestação da doença;
- Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja;
- Alterações no bico do peito (mamilo);
- Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço;
- Saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos.
A médica alerta que esses sinais e sintomas são um indicativo de alguma anormalidade, mas não representam um desfecho clínico, por isso devem sempre ser investigados por um mastologista. “Na eventualidade de achados ocasionalmente pela mulher, é recomendada a busca por atendimento especializado, no caso com o mastologista, que é o responsável pela prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças mamárias, tanto benignas quanto malignas”, finaliza a mastologista da Oncoclínicas Manaus, que lembra ainda que, além da mamografia de rastreio, algumas pacientes podem precisar de outros exames complementares específicos a depender do caso e faixa etária, como ultrassom mamária e ressonância magnética, determinados conforme indicação do especialista.
Incentivo a mudanças nos hábitos de vida e o papel de cada mulher
Consumo excessivo de industrializados, bebidas alcoólicas, obesidade, tabagismo e não praticar exercícios físicos são fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de mama. Felizmente, as mulheres podem desempenhar um papel crucial na luta contra essa enfermidade, assumindo um papel ativo na prevenção. Além de exames preventivos com frequência, investir em uma rotina saudável é fundamental para reduzir as taxas de câncer de mama.
Alimentação balanceada
Uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras não apenas fortalece o sistema imunológico, mas também ajuda a manter um peso saudável. O excesso de peso, especialmente a gordura abdominal, está ligado a um maior risco de diversos tipos de câncer, incluindo o de mama. Alimentos ricos em antioxidantes como vegetais crucíferos, podem oferecer proteção adicional.
Atividade física regular
A prática de exercícios físicos é uma das medidas mais eficazes para reduzir o risco de câncer. A Organização Mundial da Saúde recomenda pelo menos 150 minutos de atividade moderada por semana. Exercícios não apenas ajudam a controlar o peso, mas também melhoram a saúde cardiovascular e reduzem a inflamação, que está associada ao desenvolvimento de tumores.