Situações recorrentes de colisões, muitas vezes com vítimas fatais destacam uma prática ainda negligenciada, afivelar o cinto
A crescente atenção sobre os acidentes de trânsito em Manaus reacende um debate essencial: o uso do cinto de segurança. Em uma cidade com frota superior a um milhão de veículos, segundo o Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM), a segurança no tráfego urbano torna-se cada vez mais um desafio diário. Situações recorrentes de colisões, muitas vezes com vítimas fatais ou em estado grave, destacam uma prática ainda negligenciada por parte dos condutores e passageiros: afivelar o cinto de segurança, mesmo nos bancos traseiros.

Foto: Divulgação
Embora a legislação brasileira exija o uso obrigatório do equipamento, é comum encontrar motoristas e ocupantes que ignoram essa exigência. Campanhas de conscientização são frequentemente realizadas pelas autoridades de trânsito, mas os dados indicam que o hábito ainda está longe de ser universal. Em muitos dos acidentes registrados na capital amazonense, a ausência do uso do cinto tem sido fator determinante na gravidade dos ferimentos.
A discussão ganha relevância diante de dados do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU). Boa parte dessas ocorrências poderia ter tido um desfecho menos severo se todos os ocupantes dos veículos estivessem utilizando o cinto de segurança de maneira adequada.
História e invenção do cinto de segurança
A criação do cinto de segurança
Impacto global e reconhecimento técnico
O impacto da invenção de Bohlin é amplo e documentado. Órgãos internacionais de saúde e segurança estimam que milhões de vidas foram salvas desde que o uso do cinto de segurança de três pontos se tornou obrigatório em diversos países. A eficácia do equipamento foi confirmada em múltiplos estudos ao longo das décadas, demonstrando redução significativa nas taxas de mortalidade e lesões graves.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o uso obrigatório do cinto passou a ser lei estadual em meados dos anos 1980, com campanhas massivas de conscientização. O próprio Bohlin foi reconhecido pelo Hall da Fama dos Inventores Nacionais norte-americano, e a invenção é considerada uma das mais importantes da história da segurança veicular.
O cinto de segurança também passou a ser exigido em outros tipos de veículos, como ônibus rodoviários e escolares, especialmente em trajetos intermunicipais e interestaduais. No Brasil, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) regulamentou seu uso em veículos fabricados a partir de 1999, tornando-o obrigatório também nos assentos traseiros.
Manaus e o desafio da conscientização no trânsito
Manaus, com suas características geográficas e crescimento urbano acelerado, enfrenta desafios específicos quanto à mobilidade urbana. O aumento da frota de motocicletas, o tráfego intenso em áreas centrais e a presença de veículos de transporte por aplicativo são fatores que contribuem para a complexidade do trânsito local. Nesse cenário, a fiscalização e a educação no trânsito tornam-se peças fundamentais para reverter a atual realidade.
Relatórios recentes do IMMU apontam que grande parte dos acidentes com vítimas na cidade envolvem ocupantes que não utilizavam cinto de segurança. A maioria dos casos ocorre em vias arteriais com velocidade permitida acima de 60 km/h, onde o impacto de uma colisão pode ser fatal. Mesmo com campanhas educativas, o comportamento de risco ainda persiste.
Há ainda um problema recorrente na zona rural e nos bairros mais afastados do centro urbano: veículos circulam com número excessivo de passageiros, muitas vezes sem qualquer proteção ou equipamento de segurança. Essa realidade expõe a necessidade de políticas públicas voltadas para educação no trânsito que considerem as especificidades sociais e econômicas da capital amazonense.
Educação, fiscalização e futuro
A aplicação da legislação de trânsito em Manaus tem evoluído com o aumento das operações integradas entre o Detran-AM, IMMU e Polícia Militar. As blitzes educativas e fiscalizações com etilômetro ajudam a coibir práticas arriscadas. No entanto, ainda existe resistência por parte de uma parcela da população em aderir às regras mais básicas de segurança veicular.
As escolas de formação de condutores e os programas de educação para o trânsito têm papel importante na construção de uma nova mentalidade entre os motoristas. Incorporar o debate sobre a história e a eficácia do cinto de segurança pode ajudar a sensibilizar futuros condutores desde o processo de habilitação.
Para o futuro, especialistas em mobilidade apontam que a integração entre tecnologia embarcada nos veículos, como alertas sonoros e sensores de uso do cinto, e educação contínua da população será essencial. Somente com a combinação desses fatores será possível reduzir de forma significativa os impactos dos acidentes de trânsito em Manaus e outras grandes cidades brasileiras.
Conclusão
O cinto de segurança representa um marco no avanço da segurança veicular mundial. Criado a partir da necessidade de proteger ocupantes em situações críticas, tornou-se parte essencial do cotidiano de milhões de pessoas. Em Manaus, a realidade impõe o desafio de reforçar a conscientização sobre sua importância. O enfrentamento ao número crescente de acidentes passa, inevitavelmente, pela adesão massiva ao uso correto desse equipamento simples, mas de grande impacto.
A de três pontos remonta a 1959. A invenção foi desenvolvida por Nils Bohlin, engenheiro sueco que havia trabalhado anteriormente na indústria aeronáutica. Ao ser contratado pela Volvo, Bohlin aplicou seus conhecimentos para resolver um dos grandes problemas enfrentados pela indústria automobilística: proteger efetivamente os ocupantes dos veículos em caso de colisões.
“O cinto de segurança é a invenção mais simples e eficaz já criada para salvar vidas no trânsito. Seu uso contínuo reflete responsabilidade e respeito à vida.” — Alan Correa, editor do Carro.Blog.Br.
O cinto de três pontos usa uma engenharia que detecta o momento exato para travar, ele propunha uma abordagem que distribuía as forças do impacto de maneira mais equilibrada sobre o corpo humano, protegendo simultaneamente o tórax e a região pélvica. O desenho simples e eficiente foi um avanço em relação aos cintos de dois pontos, que eram menos eficazes e podiam causar lesões graves.
Apesar de obter a patente da invenção, a Volvo tomou uma decisão incomum na indústria: liberou a tecnologia para todas as montadoras. A empresa sueca entendeu que a proteção à vida humana deveria prevalecer sobre o interesse comercial, permitindo que o cinto de segurança de três pontos se tornasse padrão mundial em automóveis, sem custos de licenciamento.