A doença mata, por dia, no Brasil, 47 homens, dado que reforça ainda mais a necessidade de se ampliar campanhas educativas voltadas ao rastreio
Com um alerta de que o número de casos de câncer de próstata deve sofrer um aumento global nos próximos anos, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) lança, este mês, a campanha Novembro Azul, voltada à saúde do homem na sua integralidade. O presidente da seccional amazonense da entidade, cirurgião uro-oncologista Giuseppe Figliuolo, destaca que a expectativa de vida dos homens e também das mulheres aumentou, segundo levantamento recente, o que acende a preocupação quando às doenças relacionadas à idade, entre elas, o câncer.
Doutor em saúde pública, o uro-oncologista da Urocentro Manaus destaca que a doença mata, por dia, no Brasil, 47 homens, dado que reforça ainda mais a necessidade de se ampliar campanhas educativas voltadas ao rastreio e ao diagnóstico precoce do câncer de próstata, de modo a reduzir a mortalidade.
O câncer de próstata é o segundo tumor mais incidente entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele. Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam para 71.730 novos casos da doença em 2024, uma média de 196 por dia.
“Aguardar a chegada dos sintomas, como sangue na urina, diminuição do jato urinário, dor pélvica e nas costas, pode significar uma redução na eficácia do tratamento. Por isso, é tão importante que os homens procurem um urologista, anualmente, a partir dos 50 anos, uma vez que o câncer em estágio inicial, não apresenta sintomas”, frisou. Homens com histórico na família e os da raça negra, devem iniciar o rastreio aos 45 anos, pois têm maior probabilidade de desenvolver a doença.
Ele lembra que há tratamentos minimamente invasivos em uso, que podem reduzir drasticamente as chances de sequelas durante o tratamento do câncer de próstata, tais como a incontinência urinária e a disfunção erétil, também conhecida como impotência sexual, e que é considerada o maior temor da população masculina.
“Os homens, em especial, acabam protelando a ida ao médico por preconceito e medo de ficarem impotentes. Mas, a verdade é que a avaliação clínica, que inclui o exame de toque retal e a análise do resultado do PSA, não tiram a masculinidade de ninguém e podem, inclusive, salvar vidas”, explica Figliuolo.
Com cerca de 20 anos de experiência na área da oncologia, ele destaca que, no Brasil e, especialmente, no Amazonas, a maior parte dos casos de câncer de próstata ainda é diagnosticada na fase intermediária ou avançada.
“Precisamos mudar essa realidade, levando os homens ao consultório médico e criando a cultura do autocuidado. Não é à toa que os homens morrem mais cedo que as mulheres. Isso está diretamente relacionado à falta de cuidados com a saúde”, disse o especialista.
Estudo
Dados divulgados pela SBU mostram que um estudo conduzido este ano pela Comissão de Câncer de Próstata da revista científica Lancet, uma das publicações de maior fator de impacto no mundo, previu uma duplicação global de casos para 2,9 milhões e um aumentos de 85% nas mortes para quase 700.000 até 2040.
De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, no Brasil, em 2023, foram registrados 17.093 óbitos devido à doença, ou seja, 47 mortes por dia. Tendo em vista esse cenário, a SBU reforça que a Campanha Novembro Azul tem como um dos objetivos, alertar para a importância do cuidado com a saúde global masculina, com a realização periódica de exames e consulta com o especialista, o que pode prevenir doenças e até mesmo detectá-las em estágio inicial, quando aumentam as chances de cura, como é o caso do câncer de próstata.