Lideranças e representantes exigem a continuidade do Sistema Modular de Ensino (Some) na educação escolar dos povos indígenas no estado. O ato aconteceu na manhã desta terça-feira.
Indígenas de diversas regiões do Pará ocuparam, na manhã desta terça-feira (14/01), a sede da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), localizada na avenida Augusto Montenegro, em Belém. Agentes policiais foram enviados ao local.
Os participantes do protesto reivindicaram a manutenção do Sistema Modular de Ensino (Some) na educação indígena, considerado essencial para garantir o aprendizado nas aldeias, segundo pais, responsáveis e estudantes.
“Nosso propósito é conseguir ser ouvidos pelo secretário e pela vice-coordenadora. Não viemos aqui para confrontar ninguém […]. Estamos aqui para apresentar nossas demandas e nossas reivindicações”, afirmou uma das lideranças indígenas presentes.
Manifestação
Segundo os organizadores, participaram da manifestação lideranças e representantes das etnias Munduruku, Tembé, Xikrim, Borari, Arapium, entre outras. Mais de 100 indígenas estão concentrados na sede da Seduc em Belém (PA).
Nas redes sociais, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp) informou que os manifestantes também exigem a saída do atual secretário de educação, Rossieli Soares.
Os indígenas destacaram que, sem o Some, o governo estadual estaria “colaborando para o fim da educação escolar indígena no Pará. Não é apenas de um povo, mas de todos os povos que habitam o estado. Trata-se também da educação no campo.”
“O ensino on-line não nos atende, pois muitos estudantes não falam português. Isso configura uma violação de direitos e desrespeito à nossa cultura. É algo muito grave. Não iremos recuar”, declarou Alessandra Korap, liderança Munduruku, sobre a possível substituição do Some por aulas virtuais.
Em comunicado, a Seduc afirmou que não procede a informação de que o Sistema de Organização Modular de Ensino (Some) será encerrado. De acordo com a secretaria, as comunidades continuarão sendo atendidas pelo programa, que oferece remuneração de até R$ 27 mil para professores que atuam em áreas de difícil acesso.
O que é o Some?
O Sistema Modular de Ensino (Some) é uma forma de educação que assegura o ensino médio em áreas afastadas das sedes municipais. Essas comunidades, conforme o governo do Pará, não comportam a construção de escolas com a estrutura completa do ensino convencional devido ao baixo número de alunos.
O governo estadual explicou que o sistema funciona por meio de cooperação: o município disponibiliza o espaço físico, enquanto a Seduc fica responsável pelos docentes, merenda escolar e demais recursos pedagógicos.
Sinjor – PA também se posicionou
O Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor) também se posicionou sobre o episódio. Em nota, relatou que profissionais da imprensa foram impedidos pela Polícia Militar de entrar nas instalações da Seduc para realizar a cobertura do protesto.
“É inadmissível, em pleno século XXI, que a liberdade de imprensa e o exercício do jornalismo sejam cerceados, já que são pilares fundamentais da democracia”, declarou o sindicato em nota.
Indígenas do Sul do Pará protestam em frente à sede da Secretaria de Estado de Educação do Pará, em Belém, contra o fim do Sistema Modular de Ensino (SOME) decretado pelo governador Hélder Barbalho (MDB) e seu secretário privatista e inimigo dos trabalhadores da educação,… pic.twitter.com/4QusL6lvmC
— Esquerda Online (@esquerdaonline) January 14, 2025
O Cacique Dadá Borari, da Terra Indígena Maró, mostra que a ocupação é pacífica na sede da Seduc, em Belém. Os manifestantes ocupam espaços e estão sentados em cadeiras, mas sem práticas de vandalismo nem atos de violência. A Polícia está no local e tenta retirar os manifestantes pic.twitter.com/Ltt4BGBBQ5
— BT AMAZÔNIA (@btamazonia) January 14, 2025