Trump intensifica sua estratégia de ruptura com o modelo comercial baseado em acordos multilaterais
Entra em vigor neste sábado (5), nos Estados Unidos, a nova tarifa de 10% sobre uma ampla gama de importações, medida anunciada pelo ex-presidente Donald Trump na última quarta-feira (2). A medida atinge produtos de 57 países, entre eles o Brasil, e já começou a ser aplicada em portos, aeroportos e centros alfandegários norte-americanos a partir das 0h01 no horário da Costa Leste (1h01 em Brasília).

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Com a iniciativa, Trump intensifica sua estratégia de ruptura com o modelo comercial baseado em acordos multilaterais que predominou desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
O impacto da medida já reverberou nos mercados financeiros globais: apenas nos dois dias seguintes ao anúncio, as perdas nas bolsas dos EUA totalizaram cerca de US$ 5 trilhões em valor de mercado, especialmente entre empresas listadas no índice S&P 500.
Além do Brasil, países como Austrália, Reino Unido, Colômbia, Argentina, Egito e Arábia Saudita também estão entre os primeiros a sentir os efeitos da tarifa de 10%.
De acordo com o boletim oficial da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP), não haverá isenção para cargas que tenham sido embarcadas antes da entrada em vigor da medida, salvo para aquelas que estejam comprovadamente em trânsito. Essas, no entanto, precisarão chegar ao território americano até 27 de maio para se beneficiarem do período de carência de 51 dias.
Para a próxima quarta-feira (9), está prevista a implementação de uma segunda rodada de tarifas ainda mais severas, variando entre 11% e 50%, sob a justificativa de serem “tarifas recíprocas”.
Nesse novo pacote, produtos da União Europeia passarão a ser taxados em 20%, enquanto as mercadorias chinesas enfrentarão uma taxa de 34% — elevando o total de tarifas aplicadas aos produtos da China para 54%.
México e Canadá foram poupados das novas sanções, uma vez que continuam sujeitos a uma tarifa de 25% relacionada a medidas de combate à crise do fentanil, sob as regras do acordo comercial USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá).
Itens já enquadrados em outras taxações específicas, como aço, alumínio, veículos e autopeças, permanecem isentos da nova cobrança.