Demissão em massa na refinaria de Manaus gera alerta sindical

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Segundo o sindicato, cerca de 75 trabalhadores devem ser desligados pela Ream; medida compromete operação e descumpre acordos firmados na privatização

O Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM) denunciou, nesta terça-feira (20), um processo de demissão em massa na Refinaria do Amazonas (Ream), atualmente controlada pelo grupo Atem. De acordo com o sindicato, cerca de 75 trabalhadores da base operacional da empresa serão dispensados, o que representa uma redução de aproximadamente 20% no quadro de funcionários da planta industrial localizada em Manaus. A medida, segundo a entidade, coloca em risco a continuidade das atividades de refino e desrespeita compromissos regulatórios assumidos durante a privatização da refinaria.

Foto: Divulgação

A Ream, antiga Refinaria Isaac Sabbá, foi vendida pela Petrobras ao grupo Atem em novembro de 2022 por US$ 257,2 milhões. Desde então, a unidade passou a operar sob controle privado. Para o Sindipetro-AM, a atual decisão da empresa sinaliza um abandono progressivo das atividades de refino, contrariando os argumentos utilizados para justificar sua venda. Em nota pública, o sindicato classificou a demissão como “um escândalo” e questionou a falta de transparência na condução da empresa.

O sindicato informou que protocolou denúncias formais aos órgãos reguladores, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Também foram enviados ofícios ao Ministério de Minas e Energia e ao Ministério Público do Trabalho, pedindo que as entidades intervenham para evitar prejuízos ao setor de refino no Amazonas. “A decisão compromete o abastecimento do estado e a segurança energética da região”, afirmou Marcus Ribeiro, coordenador do Sindipetro-AM.

Foto: Divulgação

Ribeiro também criticou os incentivos fiscais concedidos à Ream por meio de emenda incluída na Reforma Tributária, aprovada no fim de 2024. A medida, de autoria do senador Omar Aziz (PSD-AM), estendeu benefícios da Zona Franca de Manaus à atividade de refino de petróleo, com o objetivo de manter a operação da única refinaria da Amazônia Ocidental. “O grupo Atem foi beneficiado para gerar empregos e fortalecer a economia local, mas responde com demissão em massa e abandono do refino”, afirmou o sindicalista.

A situação reacende o debate sobre os efeitos da privatização de ativos estratégicos no país, especialmente em regiões isoladas como a Amazônia. A Ream, ao perder parte de seu efetivo e supostamente reduzir sua atuação no refino, levanta preocupações sobre o futuro do abastecimento regional e a coerência entre os discursos de incentivo econômico e a prática empresarial no pós-venda da estatal.

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