Índice volta a subir após dois trimestres de queda e aponta mercado de trabalho aquecido
O último estudo de 2024 revelou que 84% das empresas enfrentam dificuldades para contratar, um aumento de três pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. Entre os profissionais responsáveis pelo recrutamento, 67% acreditam que o cenário permanecerá inalterado nos próximos seis meses, enquanto 28% projetam desafios ainda maiores.
O Índice de Confiança, desenvolvido para monitorar a percepção de profissionais qualificados sobre o mercado de trabalho e a economia, registrou recuperação após dois trimestres de queda. Na 30ª edição, o indicador de confiança no cenário atual subiu 1,9 pontos. As expectativas para o futuro também melhoraram, embora o índice ainda permaneça na zona de pessimismo (abaixo de 50 pontos).
“Esse avanço modesto reflete um cenário econômico que, embora apresente sinais de recuperação, ainda enfrenta desafios como instabilidade fiscal, juros altos e valorização do dólar. Nesse contexto, as empresas devem adotar critérios rigorosos para garantir que os novos talentos possuam as competências e a visão necessárias para o negócio decolar”, avalia Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.
O estudo também apresenta indicadores para as três categorias entrevistadas: profissionais responsáveis pelo recrutamento nas empresas, profissionais com emprego e profissionais sem emprego. A percepção do cenário atual melhorou na perspectiva dos três grupos, com destaque para recrutadores, cujo índice subiu 1,4 pontos. Em relação aos próximos seis meses, a redução do pessimismo se manteve entre recrutadores e profissionais empregados.
Comparado ao mesmo período de 2023, todos os grupos demonstraram mais confiança no cenário presente. Porém, as expectativas para o futuro ficaram ligeiramente menos otimistas.
Desemprego atinge novo patamar histórico
Entre os fatores que impulsionam o indicador está a queda na taxa de desemprego, que atingiu o menor nível da série histórica no terceiro trimestre de 2024: 6,4% para a população geral e 3% entre profissionais qualificados (ambas com redução de 0,5 ponto percentual em relação ao período anterior).
Conforme análise, o mercado de trabalho qualificado vive uma situação próxima ao pleno emprego. Profissionais com competências alinhadas às demandas do mercado tendem a permanecer pouco tempo desempregados, ou sequer na mesma companhia.
Esse cenário favorece a criação de novas vagas e aponta que 44% das empresas brasileiras planejam abrir posições permanentes no próximo ano, enquanto 32% pretendem aumentar contratações temporárias para projetos de até seis meses.
“Para atrair e reter talentos em um cenário competitivo, as empresas devem oferecer pacotes de remuneração e benefícios atrativos, investir em desenvolvimento profissional, criar ambientes psicologicamente seguros e atender, dentro do possível, às demandas por flexibilidade”, orienta Mantovani.
Esses fatores, inclusive, foram indicados como motivos de preocupação para recrutadores ao pensar em 2025. Os cinco principais, segundo o estudo, são:
- Imprevisibilidade econômica (56%)
- Dificuldade para preencher as posições em aberto (37%)
- Receio de perder profissionais-chave para outras empresas (35%)
- Salários estagnados (35%)
- Resultados aquém do esperado em 2024 (21%)
Profissionais empregados ganham protagonismo
As baixas taxas de desemprego aumentaram o protagonismo de profissionais empregados, especialmente aqueles focados no desenvolvimento contínuo em áreas de alta demanda. Os principais objetivos para 2025, segundo os entrevistados, incluem:
- Desenvolvimento de habilidades (59%)
- Crescimento financeiro e estabilidade (50%)
- Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal (45%)
- Avanço na carreira e promoções (34%)
- Exploração de novas oportunidades de carreira (29%)
Além disso, 61% dos empregados se sentem mais seguros quanto à estabilidade de seus postos, um aumento de cinco pontos percentuais. Sobre os próximos seis meses, 70% esperam manutenção do cenário atual, enquanto 24% acreditam em maior segurança no emprego.
Desempregados sinalizam desafios
Entre os desempregados, 34% acreditam que as chances de recolocação aumentarão nos próximos seis meses. Contudo, 31% permanecem pouco otimistas, citando dificuldades relacionadas à idade, preconceito ou discriminação, concorrência acirrada e falta de oportunidades em suas áreas de especialização como os principais desafios.
“Para esses profissionais, o foco deve estar na educação continuada e no desenvolvimento de adaptabilidade. Buscar oportunidades de qualificação em linha com as tendências do mercado, manter uma rede de contatos ativa e estar aberto a novas experiências é extremamente importante. Ficar parado não é uma opção”, aconselha o diretor-geral da Robert Half.