Criança morreu após receber doses elevadas de adrenalina, e polícia apura responsabilidades médicas e institucionais
Os proprietários do Hospital Santa Júlia prestaram depoimento nesta quarta-feira (17) no 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), em Manaus, no âmbito da investigação que apura a morte de Benício Xavier, de 6 anos. A criança faleceu após receber doses elevadas de adrenalina, episódio que gerou forte comoção e levantou suspeitas de negligência médica e falhas institucionais.

Foto: Reprodução
Segundo o delegado Marcelo Martins, responsável pelo inquérito, a apuração vai além de um possível erro humano isolado. A polícia investiga a responsabilidade do hospital como instituição, incluindo a análise da estrutura organizacional, dos protocolos de segurança, do sistema de prescrição de medicamentos e da dinâmica de atendimento no pronto-socorro.
O fundador do Hospital Santa Júlia, Edson Sarkis, falou com a imprensa após o depoimento e negou a ausência de protocolos. Ele afirmou que a unidade possui certificações da Organização Nacional de Acreditação (ONA), que, segundo ele, seguem padrões internacionais de segurança do paciente. Sarkis destacou que havia protocolos de dupla checagem e profissionais designados para garantir a segurança, mas que nem todos teriam sido acionados no momento do atendimento.
“O hospital tem protocolo, tem protocolo de segurança, tem dupla checagem. No pronto-socorro, havia uma enfermeira responsável pelo protocolo de segurança que não foi acionada, além de outras duas enfermeiras e uma farmacêutica na central”, afirmou.
⚠️ Os proprietários do Hospital Santa Júlia prestaram depoimento nesta quarta-feira (17) no 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), em Manaus, no âmbito da investigação que apura a morte de Benício Xavier, de 6 anos. A criança faleceu após receber doses elevadas de adrenalina pic.twitter.com/mUtToqvICM
— Amazon News 𝕏 (@PortalAmazonews) December 17, 2025
Edson Sarkis disse ainda que sua principal preocupação é com a família da criança. “Eu me preocupo mais com a família do Benício do que com toda essa situação. Tenho minha consciência tranquila sobre o que o hospital fez para a medicina no Amazonas”, declarou. O fundador também afirmou que a instituição está aberta a colaborar com as investigações e disposta a reparar eventuais danos.
Além de Edson Sarkis, também prestaram depoimento Édson Sarkis Júnior e Júlia Sarkis, integrantes da administração do hospital. O caso segue em fase de instrução, e novas perícias devem ser realizadas para confrontar os depoimentos com registros do sistema hospitalar.
Benício Xavier morreu na madrugada de 23 de novembro após a administração de adrenalina por via intravenosa. A família sustenta que a morte foi consequência de uma sequência de erros médicos. A médica Juliana Brasil Santos, investigada no caso, teve recentemente anulado um habeas corpus concedido anteriormente, com determinação para que o pedido seja analisado por um juiz de primeira instância. Ela admitiu o erro na prescrição em mensagens e documentos, embora a defesa alegue que a confissão ocorreu em momento de forte abalo emocional. A técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva, responsável pela aplicação do medicamento, também é investigada.
De acordo com a polícia, o inquérito segue quatro linhas principais: a responsabilidade da médica, da técnica de enfermagem, possíveis falhas estruturais do hospital e a hipótese de erro durante o procedimento de intubação.

