O impacto geraria uma enorme nuvem de detritos lunares com potencial de atingir satélites e espaçonaves em órbita terrestre.
Cientistas alertam que detritos da possível colisão com o asteroide 2024 YR4 podem ameaçar infraestrutura espacial em órbita terrestre. Estudo propõe ampliar protocolos de defesa planetária para incluir a Lua.

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O asteroide 2024 YR4, apelidado de “assassino de cidades” por seu potencial destrutivo, está agora sob vigilância após projeções indicarem uma possível colisão com a Lua em dezembro de 2032. A mudança de trajetória, que anteriormente apontava risco de impacto com a Terra, foi identificada por cientistas da Universidade de Western Ontario, no Canadá, e publicada pelo jornal britânico The Independent.
Segundo o novo estudo, ainda não revisado por pares, a colisão poderia liberar uma quantidade de energia equivalente a 6,5 megatons de TNT, abrindo uma cratera de aproximadamente 1 km de diâmetro na superfície lunar. O impacto também geraria uma enorme nuvem de detritos lunares, estimada em mais de 100 milhões de quilos, com potencial de atingir satélites e espaçonaves em órbita terrestre.
De acordo com os pesquisadores, até 10% dos detritos lançados com o impacto podem alcançar o espaço próximo à Terra em poucos dias, representando um risco direto para satélites de comunicação, navegação e até missões tripuladas. A ameaça se estenderia por anos, dependendo da direção e intensidade do material ejetado.
“O impacto ocorrerá de tal forma que a velocidade do material ejetado pode anular, em grande parte, a velocidade orbital da Lua”, alerta o estudo. A maioria dos cenários simulados sugere que o impacto aconteceria no hemisfério sul lunar, o que também influencia a dispersão dos detritos.
A equipe analisou 410 cenários de impacto possíveis, e identificou uma probabilidade significativa de que parte dos ejetos lunares entrem em órbita terrestre, tornando-se meteoritos perigosos para infraestrutura espacial e astronautas em missão.
Com base nessas novas evidências, os cientistas defendem a expansão dos protocolos de defesa planetária, que hoje se concentram exclusivamente na proteção da Terra. A proposta é incluir também a Lua e o espaço orbital próximo, diante da crescente presença humana e tecnológica nesses ambientes.
A possível colisão, caso confirmada, seria um evento inédito na era moderna da exploração espacial, reacendendo discussões sobre a vulnerabilidade de satélites e estações espaciais a eventos cósmicos de grande escala.